Povoados é uma apologia da multiculturalidade para onde convergem as dissemelhanças, as desigualdades e as diversidades. É ainda um centro onde os limites espaciais se mostram menos rígidos, mais porosos, quase líquidos pela necessidade de mistura e combinação.

Ao afirmar-se um povoado como centro, “apenas se afirma a consciência da emoção da nossa presença em cada lugar, em cada espaço, em cada tempo ou em cada acontecimento. A vida e as emoções comandam a ordem das coisas, e estas coisas, tal como nós próprios, são feitas das matérias que têm como caraterística o fato de possuírem uma plasticidade infinita para se deixarem transformar naquilo que a nossa individualidade lhes ordenar”. (SALTEIRO, Ilídio, O Centro do Mundo, pp. 17 e 18)

Um centro que se constitui como matéria conceptual que define o universo daquilo que somos e determina aquilo que fazemos.

Um centro que é unívoco e não somente uno.

Unívoco porque complexo, porque nele se implicam “conceitos como globalização, multiculturalismo, hibridismo, geocentrismo, heliocentrismo ou deambulação que subjacentemente referem assuntos que tratam dos pontos, dos limites, das fronteiras e dos conflitos, do bem-estar e do mal-estar, dos lugares que ocupamos, da relação entre as nossas individualidades, dos poderes e dos seus respetivos ícones”.(SALTEIRO, Ilídio, O Centro do Mundo, p. 17)

Aquilo que realizamos corresponde à matéria que carrega dentro de si o tamanho, a quantidade e o tempo de um povoado. A capacidade que temos de trabalhar a matéria, de transformar essa matéria em outros povoados, faz de cada um de nós um potenciador de centros.

Unir-Criar-Guardar

A Unidade de Investigação Povoados promove um conhecimento – informado e flexível – das disciplinas da História para a descoberta de um novo olhar sobre os territórios.

A ideia de cruzamento surge como imaginário histórico e geográfico das Aldeias de Xisto, ao longo dos tempos, enquanto intersecção de caminhos, posto intermédio de trocas de bens ou fluxo de pessoas.

Propõe-se o estudo de um tempo composto – passado, presente e futuro – envolvendo as inscrições e vivências da passagem, da viagem e da paragem.

Para o estudo historiográfico, em Cruzamento-Diálogo com a contemporaneidade, promovendo projetos de investigação artística e científica sobre dois requisitos:

– Dados do Conhecimento Passado – Saber;
– Dados da Imaginação do Futuro – Projetar.

Cada um dos dois requisitos constituem as orientações para três níveis comunicantes – Unir – Criar – Guardar.
– Unir os horizontes do tempo pela faculdade de os imaginar.
– Criar, na complexidade dos Territórios, a possibilidade de os experienciar.
– Guardar património-cultura como ativo futuro de construção permanente dos símbolos e memória dos indivíduos e suas comunidades.

A Unidade de Investigação Povoados foi construída em Parceria com a ADXTUR, um projeto de desenvolvimento sustentável de âmbito regional, liderado pela Rede das Aldeias do Xisto – Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto, em parceria com 21 Municípios da Região Centro.