Para este Laboratório a matéria-prima é a história e as ferramentas são o tempo e o espaço.
O conceito de tempo expressa, basicamente, uma sucessão e/ou duração de acontecimentos e pode ser observável através de um movimento. Quando imaginamos o tempo damos-lhe sempre uma extensão, o tempo existe sempre para lá, como se do espaço se tratasse, para trás e para a frente.

Tempo é transformação, mudança e metamorfose e pode ser quantificado por uma medida, o antes e o depois, o passado e o futuro. E na verdade o presente é o momento que rapidamente se torna em passado. Concebido como irreversível, o tempo é o lapso que medeia entre duas situações e é nessa diferença que o tempo se torna percetível. Tempo é ainda ritmo e harmonia, sincronia, acronia e diacronia.

Altura, largura e profundidade estabelecem as coordenadas espaciais, o tempo tal como o espaço envolve-nos. O espaço não existe apenas enquanto elemento fixo, ou relativamente à nossa imobilidade, o ser humano move-se, e com o movimento o espaço passa a ser percecionado por quatro dimensões – altura, largura, profundidade e tempo. É na mobilidade pelo espaço que têm lugar as ações humanas. A partir do momento em que nos movimentamos, o espaço anteriormente estático e limitado, passa a ser ao mesmo tempo efémero e infinito. Efémero porque visto fragmentariamente, com limites de princípio e fim; infinito porque incomensurável.

Quando falamos de história falamos de espaço e de tempo. Mas história é também estudar a matéria, a matéria não sendo o importante, mas sim a sua transformação, que mais não é que o tempo percebido. Não podemos conceber o espaço ou a matéria sem a participação do tempo como configurador do universo a que pertencemos.

Num território de espaços e tempos em contínua transformação, o tempo e o espaço tornam-se contexto para a materialização de atividades de investigação artística e científica: o tempo da história e o espaço concreto entre as várias camadas da história para lá da história que é contada.

Antes da chegada dos romanos, antes do neolítico, antes dos menires, “a única arquitetura simbólica capaz de modificar o ambiente era o caminhar, uma ação que, simultaneamente, é ato percetivo e ato criativo, que ao mesmo tempo é leitura e escrita do território.” (CARERI, Francesco, Walkscapes, O Caminhar como Prática Estética, p. 51)

Propõe-se a realização de ações através da revisitação de um determinado espaço físico num determinado tempo cronológico. Utilizam-se referências históricas (espaço e tempo) como base de trabalho.