Jardim das Pedras

Jardim das Pedras é uma dimensão de experimentação estética que se define como tema, matéria e espaço de investigação e exposição. Lugar onde se permite a pesquisa, a reflexão e o pensamento através da observação e da especulação prático-teórica das relações formais de um objecto, de objectos entre si e destes com o espaço onde se integram e interagem. Espaço onde autores(s) / público(s) se situa(m) numa mesma realidade, experimentando e vivendo, através da Arte, da Ciência e da Cultura, modos de relação entre si e o contexto que os rodeia. Procurar “conquistar uma proporção justa na qual a harmonia do universo habita e se manifesta.” [1]

A palavra Técnica provém do grego Téchné (arte, técnica, perícia). Téchné não constitui apenas a palavra do fazer na habilidade artesanal, mas também do fazer na grande Arte e das Belas-Artes. A Téchné pertence à pro-dução, à Poiesis, é, portanto, algo poético. Para Aristóteles a Techné é, em essência, um estado produtivo racionalizado, uma produção que é verdadeiramente fundamentada. De facto, toda a Arte preocupa-se em trazer algo à existência, e a prática de uma Arte é o estudo de como criar algo que é capaz de ser, e cuja causa está na produção e não no produto.

A técnica, enquanto essência, não é um simples meio. Heidegger define-a como uma forma de desencobrimento que, nesse sentido, nos remete à Poiesis – tornar uma coisa activa, efectiva, dar existência àquilo que antes não existia, trazer da ocultação para a luz. Quem participa da Poiesis fundadora do mundo é um artista.

Heidegger remete ainda a essência da técnica para o âmbito da composição – “A essência da técnica moderna repousa na com-posição. A com-posição pertence ao destino do desencobrimento.” [2] – integrando deste modo o talhe, que estaria originariamente ligado à Techné, com outras expressões escultóricas mais contemporâneas – a apropriação, a descontextualização, os ready made, as assemblage, os object trouvés – onde as faculdades intuitivas do artista na selecção e arranjo compositivo dos elementos escolhidos livremente surgem, acima de tudo. Já não há um fazer, mas um compor (ou o compor é também um fazer). “O decisivo da Téchné não reside, pois, no fazer e manusear, nem na aplicação de meios mas no desencobrimento mencionado. Técnica é uma forma de desencobrimento.” [3]

A matéria é sólida, inerte, pesada, resistente e duradoura face à leve evanescência das ideias. A matéria é o lugar da possibilidade física de concretização, mas também o lugar da impossibilidade de transmutação das ideias em objecto. Hoje em dia pode-se dizer que os materiais disponíveis são todos aqueles que permitem uma conformação tridimensional, mas materiais são ainda as sensações, os sentimentos, as percepções e as experiências em geral que perspiram do material físico tridimensional e do seu potencial expressivo. A pedra ou a madeira revelam uma forma que já possuíam interiormente, o barro projecta a sua forma no espaço, o ferro desenvolve-se como um desenho a três dimensões. As serras, as colinas, as pedras, as árvores, os arbustos e os caminhos – as paisagens – existem na sua dimensão física e tornam-se também disponíveis para apropriações compositivas tanto no âmbito do fazer como no âmbito do desencobrimento e da visualidade pura, do dar a ver. As serras, as colinas, as pedras, as árvores, os arbustos e os caminhos – as paisagens – tornam-se então matéria plástica disponível para a Poiesis.

Não podemos considerar a matéria somente como agente, mas também como uma mediação. Cada matéria ou material tem as suas peculiaridades físicas, essencialidades próprias. Um autor não falseia a matéria com que trabalha, estabelece um diálogo formal. O artista descobre o significado do trabalho na matéria, mais do que infunde na matéria significância através da incorporação de uma intenção artística. O artista descobre o trabalho dentro do trabalho. Mais do que confrontar guia, mais do que forçar entende-a e, de algum modo, deixa-se conduzir também. Em Arte, a presença e relevância da matéria e a dialéctica que ela promove entre ideia e forma é contínua.

“Da mesma raiz de Techné é o verbo (em grego) que significa ‘deixar pronto, fazer, produzir por trabalho ou arte’. Designa, portanto, tanto uma técnica de produção ou manipulação, mas também uma arte enquanto ofício e bem assim uma actividade artística. Quem domina uma tal capacidade técnica é o perito. É assim que o sentido dos termos artífice, ou artesão, e artistas são especificações do sentido mais alargado de perito.” [4]

A Techné grega é, na sua tradução tradicional latina Ars, Arte. Mas o termo de origem latina está longe de dar conta da riqueza da especificidade semântica do termo grego, que tanto pode querer dizer uma actividade de produção artística como uma actividade de produção técnica. Em ambos os casos trata-se, contudo, de uma perícia.

“Nos dias de hoje, as mãos perderam a importância, já não existe esse conceito, outrora tão respeitado, da habilidade; agora, as coisas são feitas por máquinas, ou feitas a trouxe-mouxe, qualquer um as faz, pior ou melhor, (…). As mãos já não têm a importância que tiveram, houve um tempo em que eram sagradas: serviam para trabalhar, mas também benziam, consagravam, curavam pelo toque os enfermos.” [5]

A habilidade humana necessária para criar é controlada nos seus processos corporais e motivações, ou demonstrativamente corpórea nas suas habilidades e cinestesias, ou seja, habilidades que foram aprendidas e praticadas e que eventualmente se tornaram conscientes (inconscientes?) e instintivas. O saber/fazer manual, comporta uma necessidade profundamente humana que é a de pensar com as próprias mãos.

Em Arte a técnica, e o seu domínio, é também uma atitude estética. A técnica foca-se em padrões objectivos, na coisa em si mesma, explora as dimensões de perícia, compromisso e capacidade crítica, de um modo muito singular. Ainda que possa parecer ocupação grosseira e mecânica, é a partir do uso das ferramentas que se clarificam ideias e se estabelecem critérios. A técnica foca-se na relação íntima entre a mão e a cabeça.

É fundamental que a técnica não se sobreponha à forma – que é o mesmo que dizer que é fundamental que a técnica não se sobreponha ao conteúdo – e para isso é preciso praticar, muito, reencontrar o paradigma de ofício. “São necessárias dez mil horas de experiência para ‘produzir’ um mestre carpinteiro ou um músico” [6] A partir de um determinado nível, a técnica deixa de ser uma actividade mecânica, passa a ser um trabalho que está ligado à liberdade de experimentar.

Temos de pensar mais com nossas mãos já que é esse pensamento com as mãos que comunica não apenas qualquer intencionalidade percebida da parte do artista, mas um local ou espaço em que uma complementaridade múltipla e unificada de ideia e de matéria coincidam no potencial máximo do seu acontecimento. Trabalhar com as matérias-primas da imaginação (ideias, conceitos, esquemas) e aquelas da ordem material (pedra, metal, madeira, etc.), constitui para o artista e a obra um meio de estabelecer um lugar renovado e de encontro poiético.

“A vida cultural da humanidade, na qual se inclui também a atividade filosófica, só é possível e só se desenvolve quando existe uma atenção profunda e contemplativa. A cultura pressupõe um espaço propiciador da atenção profunda. A atenção profunda tem vindo a ser cada vez mais suplantada por um tipo de atenção completamente diferente – a hiperatenção (hyperattention). Esta atenção dispersa ou distraída é caracterizada pela mudança brusca do foco da questão, pela alternância constante de tarefas, fontes de informação e processos. Uma vez que a sua tolerância ao tédio é bastante limitada, acaba por não deixar igualmente muito espaço livre àquele tédio profundo propiciador do processo criativo” [7]

Todo o trabalho, como a natureza, comporta solstícios e equinócios. É preciso reconciliarmo-nos com a dimensão cíclica, clássica e camponesa do Tempo. A cultura do progresso, vigente, da tradição judaico-cristã, que entende o Tempo como expansão, orientado para um futuro que tem de se reproduzir continuamente, fez perder as relações de simetria que existiam entre os Homens e entre os Homens e a Natureza. Assistimos, também, a um desfasamento entre o valor do trabalho e o valor das coisas que se produzem.

É preciso reconciliar pessoas, plantas e animais, encontrar a possibilidade de equilíbrio. Definir espaços de reflexão que retomem como princípios os valores clássicos. Associar com harmonia o corpo e a alma, intrínsecos ao nosso próprio estar no mundo. “Trata-se de decifrar a lei do corpo humano, e a proporção – a simetria – que esse corpo manifesta e que o insere na ordem do universo.” [8] Reconhecer como essencial um sistema dinâmico de introspecção/expressão que naturalmente acompanhará a renovação porque naturalmente encontramos outros caminhos e outras formas de crescer.

Director Artístico

 

[1] ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner, O Nu na Antiguidade Clássica, p. 29
[2] HEIDEGGER, Martin, op cit, p. 18
[3] HEIDEGGER, Martin, A Questão da Técnica, in Ensaios e conferências, p. 28
[4] CAEIRO, António de Castro, Ética a Nicómano (tradução de) nota 17, p. 284
[5] CHIRBES, Rafael, Na Margem, pp. 421 e 422
[6] SENNET, Richard, p. 20
[7] HAN, Byung-Chul, A Sociedade do Cansaço, p. 26
[8] ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner, op cit., p. 14 

O Projecto
Este projecto, centrado num conceito inovador – Arte e Ciências próximas da Natureza – e desenvolvido integralmente num espaço territorial que designamos por CAMPUS JARDIM DAS PEDRAS, é focado na integração das quatro comunidades que o projecto convoca: os Habitantes locais, os Artistas, os Cientistas e os Visitantes.
Sob três princípios fundamentais aos quais nos subordinámos – Proteger, Transmitir e Dinamizar –, desenvolvemos três tipologias de actividades transgeracionais ajustadas aos diferentes públicos – Descobrir, Participar e Criar.
Este projecto pretende desenvolver um “ecossistema” sustentável com as diferentes comunidades no centro do processo, onde o binómio inovação – integração é nuclear.
Neste quadro de exigências, construímos um projecto acessível a todos, que funciona durante todo o ano, com actividades específicas para diferentes públicos, a várias velocidades, e que incrementa a permanência das comunidades por via dos seus activos culturais.

O Campus
O Campus Jardim das Pedras é um lugar onde a Luzlinar desenvolve a sua actividade desde a sua criação e onde artistas e cientistas de todo o mundo têm vindo participar nos Simpósios Internacionais de Arte do Feital desde 1996, favorecendo um ambiente multicultural.
O espaço territorial do Campus Jardim das Pedras situa-se na Serra do Alto da Broca e Feital, tem cerca de 60 hectares, constituídos por parcelas de propriedade da Associação Luzlinar, da União de Freguesias de Vila Franca das Naves e Feital e da União de Freguesias de Vilares e Carnicães, com as quais estabelecemos protocolos a dez anos para o desenvolvimento dos diferentes projectos.

Os princípios fundamentais

Este projecto pretende construir um “ecossistema” sustentável com as diferentes comunidades, sob três princípios fundamentais:
– Proteger a biodiversidade e recursos naturais
– Transmitir técnicas e práticas ancestrais
– Dinamizar a gestão dos recursos do território

Neste sentido criámos três laboratórios, em funcionamento há cerca de 4 anos, em espaços distintos do Campus – Jardim das Pedras, Prados e Bosques -, que recebem os projectos agregadores Movimento das Pedras, Estações Bucólicas e Projecto Bosques.
É neste modelo que desenvolvemos e trabalhamos estes três princípios e onde integramos as diferentes comunidades.

As quatro comunidades

 Os Habitantes

O Campus confina com seis aldeias – Aldeia Artística do Feital, Vila Franca das Naves, Aldeia de Vilares, Aldeia da Broca, Aldeia de Carnicães e Aldeia de Garcia Joanes.
A prática na relação com as suas populações acontece a vários níveis. Desde sempre que os artistas que nos visitam estabelecem com a população uma relação muito especial. A sua alimentação é praticamente produzida pela população local, muitas vezes até adquirida directamente. As suas propriedades rurais que confinam com o Campus são percorridas sistematicamente pelos artistas ou cientistas que aí desenvolvem os seus trabalhos ou disfrutam do lugar.

 Os Artistas, Cientistas e Visitantes

Vêm dos mais variados lugares de Portugal e do Mundo, para conhecer, participar e fruir da ampla oferta de actividades que lhes são oferecidas ao longo de todo o ano.
Os primeiros artistas chegaram há 31 anos para participar no I Simpósio Internacional de Arte do Feital e há cerca de 10 anos convocámos também cientistas que iniciaram alguns dos projectos que agora desenvolvemos e que merecem actualmente atenção de várias instituições nacionais e internacionais, caso do Projecto Bosques.
Os visitantes são pessoas interessadas nos projectos que desenvolvemos no âmbito da natureza, na nossa programação cultural, rotas, oficinas e eventos.

Povoado Sustentável

Nas ruínas de uma aldeia abandonada edificamos uma infra-estrutura arquitectónica multifuncional repartida por diferentes espaços públicos e privados.

. Domus – Espaço de habitação e oficina colectivas
. Biblos – Espaço dedicado à palavra escrita no seu sentido mais amplo, composto por biblioteca, auditório e três salas de leitura (Pedras, Prados e Bosques)
. Esfera Espaço multiusos (conferencias, seminários, performances)
. Thermae – Espaço público termal

 

Palcos da Natureza

Espaços exteriores, integrados na envolvente natural, totalmente dedicados a actividades performativas e eventos (dança, musica, performance).

. Anfiteatro Monumental (Jardim das Pedras)
. Átrio (Experiencia da Floresta)
. Esplanada (Estações Bucólicas)

 

Centro de Desenho Temos Tempo

. Casa Atelier da Escultora Maria Lino
. Casa dos Artistas – Espaço de habitação/atelier
. Lugar Sagrado – Galeria de arte
. Laboratório de madeiras autóctones
. Viveiro público

 

Parceiros locais
(em desenvolvimento)

Movimento das Pedras
Jardim das Pedras

Movimento das Pedras convoca as áreas artísticas das Artes Plásticas, Desenho, Escultura, Arquitectura juntamente com as seguintes áreas científicas: Arqueologia, Antropologia, Geografia, Geologia, Astronomia, Silvicultura.

Os territórios das Serras do Feital, Vilares e Broca albergam uma presença vasta e múltipla da expressão da construção em técnica da pedra seca que pretendemos integrar nos processos de investigação e criação artística relativos ao desenho, à escultura, à produção de espaço e à paisagem.

A técnica da pedra seca é um modo de edificação que consiste exclusivamente no manuseamento de pedras sem recurso a qualquer outro processo construtivo, representando uma cultura secular que se encontra intrinsecamente ligada à experiência do território e da vivência da população.

As acções artísticas compreendem a selecção, recolha, manuseamento e assentamento das pedras na técnica de pedra seca e suas múltiplas variantes, sobre a atenção da forma e do desenho latentes. A actividade é desenvolvida em conjunto com a população local, que ainda detém o conhecimento desta técnica, fomentando a preservação activa do património material e imaterial existente.

 

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Observatórios – Astronomia e Geologia

Investigação artística e científica (Geologia e Astronomia) dos planos terrestre e celeste em simultâneo para o estudo/especulação da importância das pedras e dos astros enquanto elementos dinâmicos ou geradores da transformação da paisagem.
Investigação e criação artística a partir de observações astronómicas e geológicas para a construção experimental na técnica de pedra seca de microestruturas que permitem múltiplas leituras da sobreposição dos planos terrestre e celeste.

 

Círculos – Arqueologia e Geografia

Investigação artística e científica (Arqueologia e Geografia) a presença extensiva de meroiços (construção piramidal ou cónica), muros e outras manifestações de ordenamento elementar e informal do espaço das actividades rurais ou outras.
Investigação e criação artística através dum reconhecimento de caminhos pedestres, povoações e suas comunidades, actividades rurais, e construção experimental de objectos pétreos para o pensamento da sua preponderância na paisagem.

 

Água-Doce – Hidrologia e Silvicultura

A água no contexto do espaço rural face aos processos acelerados de desertificação. Formas de uso e de aproveitamento de água. Introdução à técnica milenar, construindo e pensando em formas de retenção e condensação, acumulação e armazenamento de água.

 

Tectos da Montanha – Antropologia

Investigação artística e científica (Antropologia) de um conjunto de cerca de duzentos abrigos em granito de diferentes dimensões e tipologias, destinados a diversas funções ligadas às actividades e ao habitar da serra.
Investigação e criação artística que integra a análise dos abrigos existentes, na sua relação com a paisagem e a geografia locais, e a construção experimental de abrigos para o pensamento dos seus processos de edificação e a sua finalidade, envolvendo a participação de artistas e investigadores das áreas das Artes Plásticas e da Arquitectura.

Escola

. Projecto-Escola

Agrupamento de Escolas do Fundão

Este Projecto de Formação e Educação Artística pretende dar continuidade ao trabalho desenvolvido nos últimos três anos no âmbito do projecto Pontes (2015/2017). Todas as actividades dispõem dos Laboratório Comuna como matéria, tema, espaço, lugar para a sua manifestação e desenvolvimento.
O Projecto-Escola é simultaneamente um projecto artístico e pedagógico aberto às escolas parceiras da Luzlinar definidas na rede-de-lugares do projecto Pontes.
O projecto conta com alunos e professores, sua realidade e prática pedagógica, para lhes fomentar a inclusão de modelos de conceptualização e acção artística. Todas as actividades promovidas oferecem às escolas uma versatilidade inter-disciplinar, da arte às ciências, ao desporto e às humanidades, por intermédio de um contacto directo com os artistas.
A programação é contínua, ao longo de cada ano lectivo, e composta por actividades concebidas entre a equipa do Projecto Pontes e os respectivos corpos docentes.
Dada a natureza das diferentes propostas das escolas e face às exigências dos calendários escolares, o projecto estrutura-se da seguinte forma: oficina-visita; oficina-projecto; apresentação pública.

Planeamento
1 – Oficina . visita – (10 sessões) Aproximação ao Laboratório  Comuna, onde se desenvolvem as várias Residências para o contacto com os artistas nos seus locais de trabalho. Pretendendo assim centrar a atenção de alunos e professores no sentido da compreensão das metodologias, técnicas e construção do processo artístico.
2 – Oficina . Projecto – (10 sessões por ano lectivo) para desenvolvimento de um projecto artístico dos alunos e professores de cada agrupamento, com o acompanhamento de um artista em tutoria.
3 – Apresentação pública à escola e à comunidade – 5 sessões por ano.

Objectivos Específicos

– Proporcionar aos alunos de todos os níveis de ensino, a realização de projectos artísticos não possíveis nas instalações escolares.
– Desenvolver um conhecimento estético e uma experiência prática de intervenção no espaço urbano.
– Estimular a participação e a inclusão da comunidade escolar em acções artísticas ou de carácter transdisciplinar.
– Promover projectos e experiências que relacionem e reflictam sobre a relação entre arte e pedagogia.
– Fomentar o espírito crítico e o pensamento visual a partir de modelos contemporâneos estruturados em princípios universalistas.

. Residência Escola

Este Projecto de Formação e Educação Artística, é simultaneamente um projecto artístico e pedagógico.
A Residência-Escola funciona como complemento ao ensino secundário especializado e ensino secundário de Artes.
Pretende-se que os alunos em regime de residência estabeleçam contacto com os Artistas em Tutoria ou residentes no âmbito do Projecto Pontes, fomentando a importância do diálogo entre o artista emergente ou consolidado e o estudante do ensino secundário especializado.
As actividades têm lugar nos laboratórios Campus e Comuna apresentando condições ideais para o desenvolvimento de projectos artísticos e espaço disponível para trabalhar em diferentes escalas em termos de capacidade tecnológica, apoio técnico e artístico adequado às especificidades de cada projecto que em contexto de sala de aula não seriam possíveis.
Esta actividade que decorre com a Escola Artística António Arroio desde 2014 e Agrupamento de Escolas de Corroios desde 2019 pretende aqui ter o seu natural desenvolvimento no quadro deste projecto, perspectivando a possibilidade de abertura destas residências a novas escolas.
Destaca-se da experiência obtida das residências a importância para o desenvolvimento artístico e curricular dos seus alunos obtendo novos objectos de estudo e diferentes perspectivas de trabalho durante um período lectivo inteiro.
Destaca-se também a partilha de práticas artísticas e pedagógicas para a inclusão dos alunos com necessidades especiais em todas as actividades desenvolvidas.

Planeamento

1 – Residência | Investigação e Criação com a duração até oito dias e a participação até vinte e três alunos e seis professores. Serão disponibilizados: atelier e espaços adequados para a realização dos projectos; apoio técnico e humano à realização; todos os materiais e ferramentas de trabalho necessários.
Tal como Alojamento e alimentação.
2 – Apresentação pública da experiência que os alunos tiveram nos laboratórios da Luzlinar.

Objectivos Específicos

– Desenvolver projectos teórico-práticos com o intuito de enriquecer o currículo dos
alunos.
– Proporcionar aos alunos das escolas de ensino artístico, a realização de projectos artísticos não possíveis nas instalações escolares.
– Desenvolver um conhecimento estético e uma experiência prática de intervenção na paisagem.
– Desenvolver competências que se baseiam sobretudo numa relação directa com a profissionalização futura.
– Fomentar o espírito crítico e o pensamento visual a partir de modelos contemporâneos estruturados em princípios universalistas.

Espaços Abertos

Aproximação aos Laboratórios onde se desenvolvem todos projectos de investigação e criação artística e de inovação social, estabelecendo contacto directo com os artistas nos seus locais de trabalho e com a população local participante.

As actividades centram-se na compreensão das metodologias, técnicas e construção do processo artístico, assim como de técnicas e ofícios ligados à história do território, através de uma aprendizagem informal sem recurso ao uso de um programa rígido, sendo este de carácter livre nas áreas das Artes Plásticas, Música, Cinema, Artes Performativas, Centro de Documentação e outras áreas consideradas relevantes.

Estão disponíveis a toda a população, da escolar à local, de todas as idades, em 3 níveis progressivos de integração nos laboratórios:

Nível base:
– Aprendizagem informal, estímulo da experimentação
– Partilha e utilização de estúdios
– Participação nos projectos dos laboratórios

Nível intermédio | convite a voluntários para os projectos dos laboratórios:
– Formação mínima em produção artística
– Compreensão das técnicas e dos ofícios ligados à história do território.
– Introdução a ferramentas de projecto

Nível autónomo | participação integral nos espaços de estúdio:
– Acesso integral a todos os espaços de criação
– Organização e manutenção dos espaços
– Participação e iniciativa na organização de eventos e dinamização das actividades do Centro de investigação.

 

Curso Avançado em Arte e Natureza

A ESCOLA localizada na natureza e nas comunidades que vivem com a natureza oferece-se como território exemplar para o estudo das complexidades sociais e ambientais representativas do mundo rural do Sul da Europa e Mediterrâneo.

Oferta de módulos de estudo anuais transdisciplinares, com flexibilidade no seu planeamento e desenvolvimento concreto dos projectos pertinentes em regime de residências na natureza fora do contexto da sala de aula.

Liberdade permanente para as práticas artísticas e científicas promovidas em constante diálogo entre lugares, partilha e acompanhamento entre investigadores das diferentes áreas.

Período de estudos de 1 ano em regime de 4 residências de 10 dias.

 

Pós-Graduação em Práticas Espaciais para Escultura
(em desenvolvimento)

O curso desenvolve-se dentro dos princípios de Residência Artística ao longo de quatro tempos de 21 dias de trabalho intensivo, distribuídos pelos meses de Setembro, Dezembro, Abril e Maio.

Integrando a dimensão cíclica, grega, camponesa, de tempo, esta Pós-Graduação decorre ao longo das intermitências que os ritmos das Estações do ano definem e que alteram a paisagem onde se irá trabalhar.

O curso estrutura-se num tempo total de 84 dias, 1600 horas de trabalho, das quais 270 horas serão de contacto com os docentes. Dois semestres, cada um deles contemplando duas Residências, e três unidades curriculares: duas de carácter teórico-prático de orientação tutorial e uma teórica de seminários. Serão quatro residências por ano cada uma delas com a duração de 800 horas de trabalho, das quais 135 horas serão de contacto com os docentes.

Em regime de imersão total, e numa constante indagação sobre o momento que se vive, o espaço onde se habita e trabalha e sobre a comunidade onde se está inserido, esta Pós-Graduação tem como pressupostos transversais a partilha de conhecimentos e experiências. Propõe-se uma reflexão sobre a intervenção e a presença do trabalho artístico no espaço natural, questões relacionadas com a obra site-specific e in-situ, a temporalidade, a perenidade e o efémero.

Parte-se do espaço natural enquanto promotor de pensamento e questionam-se os estereótipos das percepções culturalmente treinadas, adquiridas e memorizadas. Os conteúdos das unidades curriculares teórico-práticas variam entre a consciência das correlações entre o corpo e o espaço envolvente; a cultura de sustentabilidade e a criatividade como um recurso importante no seu desenvolvimento; a subversão da produção como forma dominante das nossas sociedades e; os limites do fazer.

buraco negro